quarta-feira, 25 de março de 2009

MONTEVIDEO (entendeu?)

Desta vez vamos falar de uma viagem muito boa. Pelo preço, duração do vôo e pelas pessoas bacanas que conhecemos, posso dizer que superou todas as expectativas.
Carnaval... sem grana. O que fazer? Da-lhe Deni (Blumenau) com a idéia salvadora em cima do laço: URUGUAY!, ela disse. Quanto? Trezentos e poucos dólares por pessoa, cinco dias, com dois passeios mais citytour? Deve estar brincando, pensei. Bem.. a Deni nunca nos colocou em roubadas.
Dá-lhe poltroninha apertada da GOL. Chegamos e inicialmente a impressão é de que Montevideo já foi uma capital muito portentosa. Teve um passado glorioso, com certeza, mas hoje não ostenta o mesmo brilho. Apesar de manter certos bairros vistosos, com casas coloniais imponentes, calçadas cuidadas e ruas arborizadas, a cidade não consegue esconder o triste retrato da crise financeira que se instalou no Uruguay faz muitos anos. Há intenso contraste entre a beleza natural do lugar com os prédios decadentes e carros velhos. Estranho mencionar, mas não vimos um shopping na capital com piso de granito. As pessoas te olham num misto de curiosidade e estranheza. Não parecem acostumados com turistas, apesar de aceitarem dólares sem titubear. De repente começamos a perceber que o custo do pacote refletia o momento econômico do país. (...)
Montevideo tem um mercado municipal festejado pelos moradores como 'o' ponto turístico (eh bem menor do que o de Curitiba e tah na fila para reforma). O fato é que ele foi projetado pelo mesmo engenheiro que fez a Torre Eiffel - com aquelas treliças características, e é cheio de churrasqueiras gigantes para fazer a tal da Parrilhada. Vejam só:
Tem também as famosas 'Ramblas' que, em árabe, significa 'caminhos de areia'. São calçadas MUITO largas a beira do Rio da Prata que deixa o calçadão de Copacabana parecendo uma esteira de academia. Obviamente não é tão bonita quanto a ciclovia carioca, mas é de fato enorme. São ótimas para caminhar de manhã:
A cidade é relativamente pequena, dividida entre a parte velha, próxima ao porto com ótimos restaurantes para jantar, e a nova, com vários parques lindos (vale a pena perder uma manha passeando neles), quadras públicas de tenis e de golf!! Mas vamos aos fatos curiosos:
Primeiro o nome da cidade, Montevideo. Reza a lenda que isso se deve aos mapas preliminares dos exploradores espanhóis que - com letra ruinzinha, imagino - anotaram a referência do lugar: 'o Monte VI (o sexto monte) D (na direção) EO (leste para oeste). Junte tudo e fica MONTE-VI-DEO. Montevideo! ..ãh??.. Ouvi bem? Isso mesmo. Já pesquei estórias insólitas, mas esta é no minimo interessante. Tá lá até hoje: Montevidéo, com acento para nós.
Os táxis: junto com o trânsito, merecia um capítulo próprio. São carros velhos, com pequenas batidas. Tem muito Corsa da GM e, junto com os demais loucos ao volante, 'voam' pelas ruas.
Se voce tirar um fim-de-tarde para ficar num bareco ao lado das ramblas, com certeza vai ver uma batida. Escolha um boteco próximo a um sinaleiro que não tem erro. Mas isso não é tudo.
Algum maladro fez um lobby no governo 'em prol da segurança dos pobres taxistas' para que todos fossem equipados com vidros a prova de balas. Mas a proteção fica apenas entre os passageiros e os motoristas. Bem... além de não proteger ninguem contra roubos, elas são um atentado contra qualquer norma mínima de segurança no trânsito.
Imagine voce, dentro de um taxi a 100 km/hora, sem cintos de segurança, apertado entre o banco e um vidrão grosso colado na sua cara. Se o carro bater vão raspar o que sobrou de você com uma espátula. Ah!, as janelas laterais do carro não são protegidas e os taxistas andam sempre com elas abertas. Na parte blindada, tem um 'buraquinho' para passar o troco, mas deve ser somente para turistas. Depois de uma ou duas corridas, voce aprende que é mais facil descer e pagar o motorista pela janela mesmo. Quanto tempo demorou para que os ladrões percebessem isso?
Mais uma coisa esquisita sobre os pontos de táxi (eu disse que dava um capitulo...): tem uma piazada que abre as portas para as pessoas nos pontos e pedem uns trocados por isso. Se os passageiros não dão a gorgeta, os motoristas entregam umas moedas. Sem problemas!, parece uma espécie de tradição da cidade, mas é muito estranho. Dificil acostumar e quando eles chegam atrasados, correndo apenas para fechar as portas, voce pensa que é assalto.
Já falei para não ir em hipótese alguma para Montevideo no Reveillon? Depois eu explico e aproveito para postar sobre Colonia Sacramento, Casa Pueblo e Punta Del Este. Aliás, adianto que Punta é linda e nos pareceu qualquer coisa entre Miami e Balneário Camboriú/SC.
Ah!, tava esquecendo. Depois de jantar próximo ao mercado municipal, entrando no táxi, fomos abordados por um 'abridor de portas' que pediu moedas. Eu disse que não, sem cerimônia, ao que ele respondeu: 'Ei, cara, eu sou brasileiro também! Me ajuda.' Rapaz... a crise tah tão feia que exportamos até mendigos.

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