quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

De vento em popa!!


Então. Desta vez vou falar sobre uma das coisas mais legais que eu já fiz: velejar. Pra começar, acho importante ressaltar o fator simbólico que um barco a velas exerce sobre a maioria das pessoas. É um ícone muito explorado em livros e filmes e que a maioria já deve ter visto: o fim da aventura em que o herói encontra a mocinha e ambos seguem num veleiro sem destino. Isso pode soar (e é, efetivamente) muito clichê, mas se for prestar atenção, estou descrevendo o final do filme 'Tudo por uma esmeralda (1985)', com Michael Douglas e Kathlen Turner, que na época foi um estrondoso sucesso. Quem nunca pensou em se aposentar, ou até largar tudo, e ir morar num veleiro. Ir pro Caribe? Austrália? Tenho um casal de amigos de BSB que fizeram exatamente isso, após mudarem para o Rio. Vida simples, sem pressa. Poucas coisas a bordo, pois o espaço é sempre limitado. Dá para falar bastante sobre isso, mas vamos ao que interessa. Para começar as vantagens objetivas do veleiro em relação as demais embarcações e outros meios de transporte: O silêncio, pois só se ouve a brisa soprando as velas. Parece pouco? Isso é muito legal em alto mar. Sensação de paz e liberdade que é dificil descrever. Tem de estar lá para sentir. Autonomia: é possível fazer a volta ao mundo em um veleiro, sem quaisquer paradas e em solitário. Registro: fazem isso todos os anos, mas apenas dois brazucas conseguiram (Amir Klink e Aleixo Belov):




Não dá para colocar tanto diesel num barco pequeno para aguentar a longa trip. Aliás, sobre Amir Klink, li que ele começou a velejar porque gostava de viajar e descubriu que era a forma mais barata de faze-lo. Sobre a nossa experiência? Começou com a ligação de um casal de grandes amigos, o Luiz e a Melissa, convidando para um curso de vela no fim de semana na Baia de Antonina, Paranguá/PR, com o Denilson (Vela e Aventura). Disseram que era bacana e que o tempo ia colaborar, não era tão caro etc. Combinado, descemos a serra do mar (BR 277 - CTBA/Pgua) numa sexta-feira, logo após o anoitecer. Começo de inverno (aqui no sul isso é um fator muito importante), uma chuvarada de lascar, pensei: que roubada! Chegamos ao Iate clube de Pgua, encontramos os amigos e entramos no veleiro. Tamanho: 30 pés - bom presságio, era a marca da minha primeira prancha, pensei. Primeira noite: uma cerveja com pizza e aulas básicas. Pra dormir o veleiro não é, assim, como uma suite de hotel cinco estrelas. Pequeno, apertado e o colchão não é igual ao lá de casa. Tudo bem, primeira noite tem de se acostumar mesmo. Dica: se precisar ir ao banheiro, a melhor coisa é ir até o toilete do clube - mesmo as três da madruga e de baixo de chuva. Se bebeu, cuidado pra não despencar do píer: a baía é famosa pelas fortes correntezas da maré e você pode acabar na ilha do Mel. Se for em alto mar e sem muitas ondas para balançar, dá para fazer o número 1 do convés do barco. De manhã, após mais um pouquinho de teoria (velejadores não conseguem ouvir a palavra 'corda', tem de chamar de 'cabo') e avisos de praxe, começamos a manobrar e seguir para a verdadeira diversão. Quando o veleiro 'engata' num bom vento, rapaz..., eh muito legal. Tem muitos cabos para cuidar, mas com o tempo voce pega o jeito da coisa e já acha que dá pra fazer graça. Neste curso-passeio, descobrimos que a baia de Pguá é o maior fiorde do mundo (fiorde é uma grande entrada de mar envolta de altas montanhas rochosas), com mais de 180 KM de perímetro, e ainda é pouco explorado. Dá para passar mais de um mês velejando em suas aguas sem ver tudo. Santo de casa não faz milagre? a baía é o bicho! Linda, linda. Descobrimos ainda que tem milhares de coisas que um velejador que se preze deve fazer para evitar sustos e acidentes; que o maior perigo na embarcação não é afundar, mas um incêndio; que existe um universo de diferenças entre os velejadores e os donos de barcos motorizados - grosseiramente resumindo como 'hippies' x 'playboys' (podemos falar disso em outra ocasião, pois o artigo já está ficando longo). Por sinal, os velejadores do Iate clube de Pguá formam uma grande comunidade de amigos, sempre dispostos a ajudar e emprestar alguma peça ou ferramenta que se faça necessária (em geral o dono do veleiro faz a própria manutenção e isso é parte importante da brincadeira). O mesmo deve acontecer mundo afora. Então, se você tem uns 40 mil sobrando, tem certeza do amor e da compreensão que sua mulher nutre por você (isso vai ser testado na primeira noite no barco com ondas, calor e mosquitos) e deseja ver o verdadeiro lado aventureiro da vida, compre um veleiro. Aviso: por menos de 40 mil, ou o barco não tem cabine ou voce está colocando sua vida nas mãos de Deus. Melhor ainda: faça um test drive antes de comprar. Fale com o ilustre Skiper Denilson:


O saldo da viagem? Dificil explicar, mas até hoje eu leio o jornal para ver se encontro alguma 'oportunidade' por menos de 40 mil nos classificados..

Um comentário:

  1. Mensagem automática da concorrência: veja que é bom também http://www.darumah.com/

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